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EXCLUSIVO: Vadão, técnico da Seleção Feminina analisa as chances do Brasil na Copa do Mundo da França

Para buscar o tão sonhado título na Copa do Mundo na França 2019, a Seleção Brasileira Feminina tem no comando Oswaldo Fumeiro Alvarez, 62 anos, o Vadão, natural de Monte Azul, no interior de São Paulo. Formado em Educação Física e com licença PRO da CBF Academy, tem passagem por vários clubes do futebol brasileiro como Guarani, Ponte Preta, Athlético-PR, São Paulo, Corinthians, entre outros.  

De São Paulo, Vadão, em sua segunda passagem na Seleção Feminina, está há um ano e meio no comando da equipe, tem uma larga experiência em competições internacionais, sendo treinador do Brasil na última Copa do Mundo no Canadá em 2105, ele destacou ao SportsManaus, as chances no mundial e as particularidades da categoria nesse momento.

SPORTSMANAUS – Sobre a convocação da Seleção Feminina para a Copa do Mundo na França, como o senhor analisa esse grupo para disputa do mundial?

VADÃO – A convocação nós tivemos uma certa dificuldade, porque tínhamos muitas atletas machucadas, no caso da Rafaela e a Benites, não podemos levar por cirurgia de ligamento cruzado, nós tentamos de tudo, mas infelizmente não foi possível. A gente teve até pouco tempo, a Cristiane também lesionada, bem como, a Bia, Fabiana baiana, a Tayla, enfim, todas estavam em recuperação. Nós analisamos por uma questão técnica, mas médica, pois dependemos muito do departamento médico para fazer algumas convocações. O nosso grupo tem condições de fazer uma grande campanha, e até almejar o famoso título mundial. Vamos disputar um grupo muito equilibrado, com a Jamaica, uma equipe nova, é a primeira vez que disputa o mundial, mas muito forte, rápida e joga com muita força. A Austrália é uma das favoritas e a Itália subiu demais nos últimos dois anos e vai ser uma concorrente muito difícil.

SPORTSMANAUS – O Mundial deve marcar a despedida da Marta, Cristiane e Formiga. Esse fato pode servir de fator motivacional extra para o grupo como de buscar o tão sonhado título mundial?

Marta destaca a humildade da jogadora dentro do grupo, além da grande vontade de competitividade (crédito: CBF)

VADÃO – Não acredito nisso, porque a Marta está jogando muito bem no seu clube nos Estados Unidos. Acho que ano que vem ainda tem Olimpíadas, e precisa ser analisado com muita calma, a não ser que as atletas tomem uma atitude de não jogar mais na seleção, mas partindo delas. A própria Cristiane é assim, a Formiga sendo a mais velha e experiente, está com 41 anos, acabou de renovar o contrato com PSG por mais um ano, ou seja, quando chegar na Olímpiada ano que vem, ela estará jogando em alto nível e terá condições de disputar. Acho que é muito cedo para falar nisso, mas obviamente, que em termos de mundial são quatro anos e pode ser que uma delas não jogue mais, mas obvio que elas estão muito motivadas para buscar esse resultado.

SPORTSMANAUS – Qual a importância da Marta, eleita cinco vezes a melhor do mundo para o grupo na Copa do Mundo?

VADÃO – A Marta não é só por ela ter ganho todas essas conquistas que conseguiu como melhor do mundo, mas tem um espírito altamente competitivo. Independentemente de qualquer coisa que ganhe, como ela ganhou mais de uma vez, sua experiência, dedicação, a maneira como ela trata as companheiras, a humildade que ela tem com a comissão técnica, com as próprias jogadoras, isso que faz dela uma grande vencedora, embora, na pratica ela conquistou tudo isso. A Marta é uma pessoa acima da média, pouca gente conhece a pessoa da Marta, mas todo mundo conhece como atleta, mas agente que trabalha com ela há quatro anos, conhecemos bem a Marta atleta e pessoa, sendo nota 10 nos dois sentidos.

SPORTSMANAUS – Quais são as chances do Brasil no grupo C, ao lado de Austrália, Itália e Jamaica, enfrentando escolas diferentes do futebol mundial?

Treinador disse que na primeira fase é pensar primeiro na classificação, se for em primeiro melhor ainda (crédito: CBF)

VADÃO – Nossas chances são boas, quando trabalhei em 2015 no outro mundial tinha cinco a seis seleções nacionais favoritas, mas hoje tem mais de 10. O futebol mundial melhorou muito, a dificuldade e a concorrência aumentou, mas não somente para o Brasil, mas também para as outras seleções. Das 24 equipes, apenas uma será campeã e outras ficarão para trás. A competição terá várias seleções com chances de ganhar o mundial, mas só uma vai vencer. Vamos supor que tenha 10 em condições, nove vão ficar e uma só vai conquistar o título. O Brasil tem chances em sua chave, e conseguindo a classificação de caminhar para seu objetivo maior.

SPORTSMANAUS – Na sua opinião, qual será o adversário mais difícil do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo?

VADÃO – Isso tudo é na teoria, as vezes se tem um jogo difícil, a equipe joga e vence bem, e até com uma certa facilidade, depois vai pegar uma seleção considerada mais simples e se complica. Teoricamente, a Austrália seria a que está com mais credibilidade em nosso grupo.

SPORTSMANAUS – O senhor foi treinador da Seleção Feminina na última Copa do Mundo, no Canadá. O que ficou de aprendizado e experiência para esse novo desafio, agora na França?

VADÃO – Naquela oportunidade nós passamos na primeira fase em primeiro lugar ganhando os três jogos. Já na segunda fase fomos eliminados. O que ficou de aprendizado é que uma Copa do Mundo, Olimpíadas, Pan-Americano, são competições que não existe dois jogos de mata-mata. O que fica de lição é preciso manter um nível de concentração muito alto, não se pode dar o luxo de falar “joguei meio tempo bem, meio tempo mal”, tem que jogar bem o tempo todo para criar uma chance maior, porque qualquer vacilo como aconteceu em 2015, quando nós tínhamos acabado de colocar uma bola na trave com cabeceio. Nós não podemos dar o luxo de ficar desconcentrado ou jogar mal 15 a 20 minutos, temos que está bem e manter a regularidade durante os 90 minutos.   

SPORTSMANAUS – O Brasil não teve bons resultados nos amistosos preparatórios, o que ficou de alerta sobre isso?

Na primeira fase o Brasil vai enfrentar a Austrália, Itália e Jamaica (crédito: CBF)

VADÃO – Teve jogos que nós merecíamos vencer, não vencemos e jogando bem. Teve partida que o jogo foi muito equilibrado e qualquer equipe poderia vencer. O único jogo que realmente não gostei foi o segundo tempo com a Espanha, onde fizemos o primeiro tempo muito bom, saímos na frente e no segundo tempo elas marcaram de tal forma que não conseguimos sair da pressão e elas viraram. Os outros jogos foram resultados normais, por exemplo, contra a Escócia merecíamos ter feito um número grande de gols, porque tivemos muitas chances. A sequência é ruim, negativa, não tem como apagar tudo isso, mas nada que vai interferir, porque no mundial vai valer mesmo, pois foram jogos preparatórios e amistosos pensando no mundial. Estamos focados nesse momento que vai começar tudo do zero, e o que passou para trás de negativo tem que esquecer, assim como, tudo que fizemos de positivo também tem que ser esquecido, o que vale agora é a Copa do Mundo.

SPORTSMANAUS – O importante é se classificar em primeiro do grupo, pois o Brasil vai enfrentar o terceiro dos grupos A, B ou F, caso fique em segundo vai encarar a segunda do grupo A, com França, Nigéria, Coréia do Sul e Noruega. O que diz sobre isso?

VADÃO – Sempre passar em primeiro lugar se tem uma leve vantagem de não pegar as vezes uma grande seleção na segunda fase, mas isso é muito difícil, pois o importante é classificar. A gente não pode dizer “vamos nos classificar em primeiro” não podemos ter uma pretensão dessa. A Austrália pensa da mesma forma e a Itália também, além da Jamaica em sua primeira Copa, mas as três seleções pensam em se classificar em primeiro. Vamos tentar nos classificarmos, se for em primeiro melhor, provavelmente para fugir da França e pegar um adversário não diria mais fraco, mas com outra característica. A França joga em casa, com apoio da torcida, mas isso no momento não é o mais importante, mas sim nos classificarmos, não adianta pular etapas, mas se possível em primeiro.

SPORTSMANAUS – Como o senhor define a despedida da jogadora Formiga, que vai disputar a sua sétima Copa do Mundo?

Vadão citou que um título mundial seria bom não apenas em âmbito internacional, mas para categoria dentro do país (crédito: CBF)

VADÃO – Não sei se a Formiga vai se despedir, pode ser que no Mundial ela não jogue mais e o próximo são quatro anos, mas fatalmente ela terá condições de jogar a Olimpíadas, porque renovou com PSG por mais um ano e no calendário europeu termina exatamente quando inicia a Olímpiada. Por exemplo, agora terminou o Campeonato Frances, ela está treinando conosco para o mundial, ou seja, ano que vem ela vai está na mesma situação de jogar um ano e quando terminar o contrato vai começar a Olímpiada. Acho que ela tem grande chance de jogar a competição e o mundial fica para uma decisão dela particular, mas acho que a Formiga tem condições tranquilamente de jogar a Olímpiada no Japão em 2020.

SPORTSMANAUS – O Brasil foi vice campeão em 2007 na Copa do Mundo na China. Quais são as chances do título, sendo que agora o futebol feminino mostra uma evolução em todo mundo?

VADÃO – Em 2007 tinha menos concorrência, mas mesmo assim, o Brasil não venceu. Agora aumentou a concorrência, não somente para nós, mas pode ocorrer no caminho se enfrentarem equipes poderosas uma com as outras e uma delas fica de fora. Não tem jeito, chegou no mata-mata não tem choro, alguém sai e a outra fica. O Brasil tem as mesmas chances e não podemos comparar com 2007 ou pouco antes disso, tinha duas ou três seleções em condições, sendo o Brasil uma delas. Hoje posso dizer que tem 10 em condições, mas aumentaram as dificuldades para todo mundo. Acho que o Brasil independente de qualquer coisa, tem condições de chegar lá.

SPORTSMANAUS – O título na Copa do Mundo, seria uma grande conquista no cenário mundial, mas principalmente para categoria dentro do país que luta por uma profissionalização mais efetiva?  

VADÃO – Indiscutivelmente uma vitória na Copa do Mundo, o Brasil sagrando-se campeão, obviamente vai ter no cenário mundial uma repercussão muito grande e positiva. Pelo desenvolvimento que está acontecendo no Brasil vai ter uma influência muito grande, porque aqui foi dado um start com a obrigação dos grandes clubes terem o futebol feminino. Esse número grande de clubes no Campeonato Brasileiro Feminino da A2 com 36 clubes, e já estão na outra fase, além dos 16 clubes no Brasileiro da A1, acho que uma conquista agora, além da repercussão internacional vai ter uma repercussão e influência positiva dentro do Brasil.

Jogadoras estão confiantes de realizar uma boa campanha no mundial (crédito: CBF)

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