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Nem pagando

Foto: Reprodução

Esta semana uma reportagem do Estadão que traz como título Atletas da base têm de pagar alojamento e alimentação para jogar futebol, me chamou bastante a atenção.  Sim, pois embora, seja uma prática comum, foi motivo da reportagem.

De acordo com a matéria, o Sindicato dos Atletas, já recebeu 30 denúncias acerca dos fatos, embora saibamos que o número é bem mais significativo.

Uma primeira hipótese, indica que a base perdeu o seu papel de agente formador, tendo se transformado num grande mercado, explorado com a finalidade de produzir “joias“ capazes de trazer ao investidor o retorno do capital dedicado. Daí o surgimento de tantos “empresários”.

Outra possibilidade, é que a base, como fundamento, alicerce, sustentação, deva ser aberta a todos, o que não ocorre e dificulta também o acesso.  Isto se aplica não só ao futebol, mas a todos os outros esportes.  

A questão do pagamento abordada na reportagem, se dá porque, até na base é difícil a oportunidade. Tal situação ocorre por vários fatores, podendo ser citados a falta de investimento do clube, a falta de interesse e a falta de estrutura do clube.

Na falta de investimento reside o problema da gestão, ou seja, como a diretoria enxerga a base, se como algo que poderá no futuro gerar atletas para o clube ou até mesmo negociações, ou como apenas uma “despesa” a mais no balancete. Base é investimento, e não gasto !!!

Outro ponto bastante incômodo e ainda permeado pela visão do dirigente é a falta de interesse no produto da base. Além de ser um investimento a longo prazo, a base se constitui num investimento de liquidez incerta, visto que nem todos os atletas formados serão aproveitados. Isso é algo comum, visto que muitos atletas desistem da carreira e muitos outros ficam pelo caminho. Desta maneira, o investimento na base é algo visto como não atraente.

O último ponto é a falta de estrutura. Nos clubes pequenos e que são sazonais, e ainda aqueles que não tem estrutura, a base não existe. Na realidade, aparece sempre um abnegado que toma conta dos trabalhos da base, e estipula um valor para que seus atletas possam dispor como “contribuição” ou mensalidade para cobrir as despesas. Só que este valor acaba sempre nas mãos do “professor” ou “treinador’.

Outro caso bastante comum é a criação de “projetos” que, à primeira vista deveriam ser sociais, sem custos e preparariam atletas para serem oferecidos aos clubes. 

Nada contra se essas academias, projetos ou escolinhas fossem irrestritamente gratuitos. Mas, a exemplo das “academias”, também acabam cobrando dos atletas valores que muitas vezes são incentivadores da desistência.

Há ainda as escolinhas de clubes, que são verdadeiras franquias, e cujos resultados não são totalmente confiáveis no que concerne à criação e aproveitamento de talentos.

Mas há, como fio de esperança, as escolinhas que são tocadas mais pelo idealismo dos seus patronos (que reúnem numa só pessoa os treinadores, diretores, massagistas, psicólogos, pais, professores, educadores físicos, técnicos, etc.) do que pelos recursos advindos de outras fontes. São nestas que se formam os craques e que depois devem ser aproveitados pelos clubes. 

Quando chegam na beira do gramado, os deixam mostrar o talento e a ginga peculiares aos nossos jogadores. Se não, só pagando.

O MATERIAL PUBLICADO É DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR DO ARTIGO

Jonas Santana Filho

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