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Com 59 anos de profissão, Arnaldo Santos relata um pouco de sua história ao SPORTSMANAUS

Aos 80 anos de idade, o tempo parece não ser obstáculo ou não ter limites para Arnaldo dos Santos Andrade, com seus 59 anos de cronista esportiva, como narrador. Ele se confunde com a própria história dos profissionais da área, pela sua importância e dedicação. Natural de Manaus, Arnaldo Santos, casado há mais de 40 anos, com sua eterna namorada Amélia Stones de Andrade, de longe pensa em “pendurar o microfone”, pelo contrário, disposição, energia e muito amor pela profissão dão suporte para sua caminhada na crônica esportiva.

Arnaldo Santos, já transmitiu de tudo, como basquete, vôlei, futebol de salão (futsal), e até Fórmula 1. Com passagem pelas Rádios Rio Mar, Baré, Ajuricaba (sistema Globo de Rádio) e atualmente na Rádio Difusora, mais precisamente na sala 10, com transmissão esportivas, Arnaldo, fez história quando trabalhou na extinta TV Ajuricaba, apresentando o Programa “AS nos Esportes” por 14 anos. Ele ficou famoso com a trilogia “Seja bom filho, bom aluno e bom de bola”. Atualmente, ele é coordenador geral do Campeonato de Peladas do Amazonas e da Copa A Crítica de Domino

O experiente narrador esportivo, contou um pouco de sua história ao SPORTSMANAUS, em diversas vertentes relacionados ao esporte no geral, mas em especial ao futebol amazonense.

Arnaldo fazendo suas anotações antes de começar o jogo (crédito: Larissa Balieiro)

SPORTSMANAUS – Arnaldo, como foi seu início de carreira na crônica esportiva amazonense quando começou com seus primeiros passos em uma emissor de Rádio, na época na saudosa frequência de Amplitude Modulada (AM)?

ARNALDO SANTOS – Motivado pelo espírito desportivo procurava narrar de uma forma diferenciada, o que levou o chefe da equipe de esporte da Rádio Rio Mar, Luís Verçosa de fazer um teste na emissora que ele trabalhava.

SPORTSMANAUS – Como surgiu sua inspiração para ser um narrador esportivo de futebol?

ARNALDO SANTOS – Na escola do Rádio Paulista. Narrando os fatos dentro de um nível emocional, sem transgredir a verdade, mas, acima de tudo respeitando os valores intrínsecos e extrínsecos dos seus amantes seguidores. Destaco os narradores, Pedro Luís, Fiori Gigliotti e Doalcey Camargo, que veio depois para o Rádio carioca.

SPORTSMANAUS – Como foi seu primeiro trabalho em uma emissora de Rádio, no caso na Rio Mar AM, atualmente em FM?

ARNALDO SANTOS – Apesar de ter sido inicialmente apenas por três meses, serviu de experiência para o próximo passo, que foi a contratação de narrador da Rádio Baré, pertencente aos Diários e Rádios Associados do Brasil.

SPORTSMANAUS – Das três emissoras em que trabalhou, qual a mais marcante na sua carreira de cronista?

Arnaldo junto com a equipe da Rádio Difusora (crédito: Larissa Balieiro)

ARNALDO SANTOS – De cada uma tirei um pouco de experiência, passei por grandes testes emocionais e desafios como narrador, transmitindo por esse mundo da comunicação esportiva – Formula 1, Boxe, Voleibol, Basquetebol, Handebol, Futsal, Ginástica Rítmica, Atletismo a nível nacional e internacional.

SPORTSMANAUS – Como foi seu trabalho na televisão durante os 14 anos na antiga TV Ajuricaba?

ARNALDO SANTOS – Muito especial e gratificante, pois tive a oportunidade de interagir com diversas classes sociais, atingidas pelo poder da grande audiência da televisão.

SPORTSMANAUS – Como foi a atuação do regime militar neste momento de sua carreira?

ARNALDO SANTOS – Sempre mantive minhas convicções, e isso me trouxe alguns contratempos a refletir sem perder a essência tendo que responder a vários inquéritos por conta disso, afinal estava sob a égide do famigerado AI-5

SPORTSMANAUS – O fato de ter trabalhado em emissoras de Rádio, ajudou na apresentação de seu programa na TV?

ARNALDO SANTOS – Com certeza, pois no radio tendo transmitido várias modalidades esportivas me dava tranquilidade nos programas ao vivo da televisão (naquele tempo ainda não tinha o Teleptompter), mas os meus seguidores diziam que eu já o havia inaugurado, porque falava sem o papel na mão, olhando nos seus olhos (telespectadores).

SPORTSMANAUS – Você teve a chance de ser presidente da Associação dos Cronistas e Locutores Esportivos do Amazonas (Aclea). Como foi essa experiência à frente da entidade?

ARNALDO SANTOS – Muito importante, pois os companheiros que me elegeram para presidente não mediam esforços para a aquisição da sede própria, aonde a mesma se encontra atualmente. Minha meta era lutar pelo desenvolvimento do esporte de uma forma geral, mas, sobretudo o futebol profissional, principalmente nos jogos de nível nacional.

SPORTSMANAUS – Outro momento importante em sua carreira, foi integrar o grupo de trabalho para a construção do saudoso Estádio Vivaldo Lima?

Equipe completa da Difusora em uma das transmissões com Arnaldo Santos na Arena da Amazônia (crédito: Larissa Balieiro)

ARNALDO SANTOS – Foi motivo de orgulho ter sido convidado pelo Governador Danilo Duarte de Matos Areosa, em 1968, para fazer parte do grupo executivo da construção do Estádio, ao lado de Flaviano Limongi, Cel. Temístocles Trigueiro, João Loureiro, Hugo Reis e Carlos Lins, dentre outros. Foi um processo muito longo, pois não havia consenso se o local escolhido seria o ideal, o que gerou acalorados debates, ma   s acabou prevalecendo a ideia inicial.

SPORTSMANAUS – Arnaldo, você viveu os dois momentos do Estádio Vivaldo Lima, ou seja, a alegria da construção e a tristeza da demolição para ser erguido, a Arena Multiuso da Amazônia? Como você define esse momento?

ARNALDO SANTOS – Por conta das exigências técnicas das obras de construção, exigia de todos, mais do que a dedicação, mas acreditar. Houve muitos intervalos de tempo, até a sua finalização, obrigando cada um do seu jeito contribuir com uma ideia que era debatida e executada. Devemos lembrar que Manaus da época não tinha todas essas vias de acesso, o que dificultava ainda mais os trabalhos. Conseguimos a pré-inauguração em 1970, com duas partidas memoráveis da Seleção Brasileira. Mas o destino quis que comandasse a transformação em ruínas do Vivaldão para o suntuoso e novo Estádio Vivaldo Lima, graças a visão administrativa do Governador Amazonino Mendes, como uma das grandes obras do seu primeiro governo. Então, por tudo isso que passei, confesso que na época da demolição para a construção da Arena da Amazônia, fui para arquibancadas do Sambódromo, de onde ao ver as máquinas demolindo tudo, não podia conter as lágrimas. Afinal, ali estava um pedaço do meu sonho.

SPORTSMANAUS – Você trabalhou em uma multinacional e teve a chance de assistir de perto várias edições da Copa do Mundo. Como foi esse momento especial como cronista, mas também de torcedor da Seleção Brasileira?

ARNALDO SANTOS – É verdade, encontrei nos meus patrões, Antônio de Andrade Simões e Petrônio Augusto Pinheiro, donos da Coca-Cola na Amazônia Brasileira, onde trabalhei por 25 anos na área de marketing, mas sem deixar de ser cronista esportivo atuante. Estive presente em nove Copas do Mundo.

SPORTSMANAUS – Comemorar o aniversário e assistir a final de uma Copa do Mundo, no caso nos Estados Unidos de 1994, vendo de perto o Brasil com a Itália, você considera o momento mais marcante até hoje?     

ARNALDO SANTOS – Finalmente chegou o dia. Quis o destino que fosse assim. No dia do meu aniversário, 17 de julho de 1994, as 12h35, lá estava eu como convidado da Coca-Cola, sentado na arquibancada especial do Estádio Rose Bowl, na Pasadena – em Los Angeles. Naquele momento estava vendo o italiano Roberto Baggio cobrar o pênalti para fora, e o Brasil Campeão do Mundo – Brasil, Tetracampeão do Mundo. Foi indiscutivelmente a Copa da minha vida.

Para não perder um lance sequer durante as transmissões (crédito: Larissa Balieiro)

SPORTSMANAUS – Arnaldo, dos mundiais que você assistiu, qual foi o de maior tristeza que presenciou?

ARNALDO SANTOS – Foi a Copa do Mundo de 1982, na Espanha. O Telê Santana fez uma seleção dos sonhos, mas que acabou em pesadelo. Paolo Rossi da Itália, no Estádio Sarrià, em Barcelona fez 3×2 no Brasil e nos mandou embora.

SPORTSMANAUS – Arnaldo, você atua na coordenação do Peladão há algum tempo. Como é realizar esse trabalho numa competição amadora de muita tradição na capital?

ARNALDO SANTOS – Há 20 anos com meus companheiros de trabalho, posso afirmar que o Peladão é mais que um campeonato de futebol, é um grande movimento social que conta com a participação de jogadores, técnicos e fanáticos torcedores. No Peladão, todos fazem parte da festa, que no final de semana estão prontos para gritar gooooooooooool…! – É assim que ao longo dos seus 45 anos de existência acontece o Peladão, esse espetáculo de dribles, olés, cores, sorrisos e magia que somente o futebol pode proporcionar. Isso é o Peladão.

SPORTSMANAUS – Você já viveu quase tudo em sua vida profissional. Ainda tem um sonho que gostaria de realizar no futebol ou na cronista esportiva?

ARNALDO SANTOS – Como diz Charles Chaplin, “O mundo está nas mãos daqueles que tem coragem de sonhar e correr o risco de viver os seus sonhos”. Sim, tenho um sonho que mesmo com 80 anos acredito realizar. Que o nosso futebol profissional, saia dessa divisão dos “Coitadinhos” (Série D) e brilhe nas verdadeiras divisões do futebol brasileiro.

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1 comment

Celso Coelho - Uberlândia - MG. julho 30, 2018 at 6:46 pm

Com que prazer pude ler essas páginas do Novo Futebol Amazonense, e nelas encontrar essa entrevista com esse monstro do Rádio Esportivo do Amazonas e do Norte do Brasil, O GRANDE ARNALDO SANTOS. Que prazer poder ler as suas respostas e mesmo não ouvindo a sua voz, poder sentir com que emoção elas foram respondidas. Coisa que só quem fez o que fez com amor, durante 59 anos é capaz. Parabéns meu Idolo, você faz parte da minha vida como ouvinte de Rádio. Aliás nos meus bons tempos de Manaus eu tive o privilégio em ouvi-lo ao lado de um outro Ídolo. Orlando Rebelo. Arnaldo, Que Deus o abençoe te dê muita saude para que consigas continuar fazendo tudo o fez em 59 anos em prol do Rádio, do Esporte, do Futebol do Amazonas. Siga sempre, sendo esse defensor ferrenho das causas amazonenses.

Um Grande Abraço!

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