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ESPECIAIS

Com 38 anos de profissão, repórter da Rádio Difusora, Roberto Cuesta conta sua história e diz: “Eu vim para fazer rádio”

Foto: Arquivo pessoal 

Após dois anos, a editoria de “Especiais”, da Agência Sports Manaus, por meio do portal www.sportsmanaus.com.br, volta para homenagear um dos maiores profissionais da imprensa esportiva amazonense: Roberto Jaime Cuesta Cavalcante, 58 anos, ou simplesmente conhecido como Roberto Cuesta. Natural de Tonantins/AM, o menino da beira do rio driblou as dificuldades para vencer com seus 38 anos de profissão como repórter nas transmissões esportivas, como nas eliminatórias da Copa do Mundo, Conmebol no Peru, Campeonatos Brasileiros, Copa Ouro, Campeonatos Sul-Americanos de Atletismo, Voleibol, cobertura de eventos culturais, desfiles das Escolas de Samba, Festival de Parintins, entre outros eventos. Conhecido como ‘Bambino de Ouro’, batizado pelo narrador Carlos Martins (hoje na Rio Mar), conheça um pouco sua história, na qual agradeço, tanto ao Roberto e ao Carlos, no início da minha carreira de ter dado a chance de acompanhar nos estúdios da Rádio Difusora, a resenha esportiva “Show de Bola Difusora”, um momento importante para mim e também para o repórter, narrador e apresentador, Amarildo Silva.

SPORTS MANAUS – Roberto, sua cidade natal é Tonantins, no interior do estado, mas como surgiu esse interesse de ser repórter? Foi algo que sonhava ou surgiu por acaso?

Roberto Cuesta – Cara, eu digo que vim para fazer rádio, quando me perguntam, eu falo isso. Eu vim para fazer rádio, e não tive influência nenhuma, mesmo porque a minha infância foi na beira do rio longe da comunicação. Para se ter uma ideia, eu conheci um aparelho de televisão, aos 14 anos de idade, e na mesma ocasião, um dia qualquer eu peguei um gravador e fui para uma quadra do ginásio poliesportivo de Tabatinga.

SPORTS MANAUS – Como era acompanhar as notícias do meio esportivo, sendo do no interior, mais precisamente do futebol para saber um pouco mais do esporte, pois morando distante as dificuldades sempre são maiores?

Roberto Cuesta – Eu comecei a acompanhar o esporte, e a informação como um todo, a partir dos meus 11 anos de idade. Daí em diante eu comecei a ouvir o rádio. Eu morava em Tabatinga e não tinha televisão, mas uma repetidora, em que os jogos passavam uma semana depois, onde o meio de informação era exclusivamente, o rádio. Eu ouvia a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, porque gostava do rádio, e não tinha outra alternativa. E daí surgiu meu interesse pelo futebol, ouvindo o rádio.

Em 1986 na Rádio Rio Mar. Da esquerda para a direita em cima: Ari Neto, Jaime Barreto, Raimundo Nonato Farias, Didel Garcia e Plínio Teixeira e abaixo: Roberto Cuesta, Gil Monteiro, Ivan Guimarães e Carlos Martins (Foto: Divulgação / Rádio Rio Mar)

SPORTS MANAUS – Ainda jovem, você fez sua primeira entrevista, mas de brincadeira nos jogos estudantis da cidade de Tabatinga. Como foi a sensação de ter feito isso, mesmo ainda muito jovem, mas já pensando no futuro?

Roberto Cuesta – Não, não pensei no futuro. Eu apenas peguei o gravador e fui para a quadra de esportes. Tinha terminado o jogo de futsal, entre duas escolas de Tabatinga, no Grêmio Recreativo – Cel. Walter Berg. Eu do nada fiz entrevistas, acho com 15 minutos de duração. No final, pus o meu gravador de pilhas para reproduzir, a turma ficou toda ao redor, enfim, acho que coisa de Deus. Acho não, coisa de Deus mesmo. Todo mundo gostou e ficaram ouvindo.

SPORTS MANAUS – Você morou em Belém e no Rio de Janeiro. Isso ajudou você a ganhar mais experiência de ter contato com outros profissionais, bem como vivenciar outra realidade do futebol nessas capitais, mesmo na época trabalhando de serviços gerais em uma joalheria no Rio?

Roberto Cuesta – Em Belém, eu não digo. Eu apenas ia para o estádio assistir aos jogos da Tuna Luso, mas rádio mesmo não. Já no Rio de Janeiro, aí sim, foi fundamental para mim. Eu tive a oportunidade de morar no Rio e lá tudo aconteceu. Sem crachá, sem credencial, sem nada, na cara limpa, eu ia em hotéis, concentrações e entrevistava. Ter morado no Rio, me deu a oportunidade de entrevistar ídolos do esporte brasileiro. Para mim, foi muito importante.

Cuesta, em um dos jogos, na Arena da Amazônia, pela Difusora (Foto: Arquivo pessoal)

SPORTS MANAUS – Morando no Rio de Janeiro com sua família, você aproveitou para visitar os times cariocas, mas também exercitar a função de repórter para ganhar mais experiência. Como foi esse momento, já que teve contato com profissionais do futebol e de outros esportes?

Roberto Cuesta – Sim, nos finais de semana eu ia em hotéis do Rio de Janeiro, onde entrevistei jogadores, entre eles Roberto Dinamite, Mauricinho, Taffarel, Oscar, Geovanni, Romerito, Falcão, o rei de Roma e foi o terceiro repórter a entrevistar o atacante Bebeto, na sua primeira convocação para a Seleção Brasileira principal, no hotel Intercontinental Rio e os jogadores internacionais, como Acosta revelação da Seleção Argentina e o consagrado goleiro Almeida, da Seleção do Paraguai e também no interior do estado, como Angra dos Reis, onde entrevistei o Bernard, do Jornada nas Estrelas. E na ocasião, eu perdi o último ônibus para voltar ao Rio, e sem ter dinheiro para pagar sequer uma pensão, eu dormi no chão da rodoviária da cidade. Já no interior de São Paulo, acompanhei a delegação do Palmeiras, em Campinas, e o Campeonato Sul-Americano, em Guaratinguetá, onde lá entrevistei a Rainha do basquete: a Hortência. Eu tinha mais ou menos 21 anos de idade. O Rio, enfim, foi fundamental para mim.

SPORTS MANAUS – Quando retornou a Manaus, a primeira oportunidade de atuar na profissão foi na Rádio Rio Mar. Explique como foi esse momento, que abriu o caminho para se tornar um grande profissional da imprensa esportiva?

Roberto Cuesta – No interior ouvia a Rio Mar durante o dia, porque pegava muito bem lá. Para isso, colocava uma palha de aço, um bombril na ponta da antena do rádio grande. Durante o dia, eu ouvia a Rio Mar. A Difusora não pegava. E durante a noite a Difusora pegava e não pegava a Rio Mar. Eu ouvia a Rio Mar, e acompanhava, por exemplo, o Arnaldo Santos, Orlando Rebelo, Gaudêncio Neto, entre outros. Quando eu voltei para o Rio de Janeiro para realmente tentar a sorte no rádio ou a entrada, eu fui na Rio Mar e me apresentei ao chefe da equipe de esportes, Raimundo Nonato Farias. Disse que era amazonense, que tinha morado no Rio e que lá tinha feito algumas entrevistas e queria uma oportunidade. Ele falou ‘Roberto, eu não posso te contratar. Tu não tens vivência em rádio, não têm experiência, mas eu vou te dar uma oportunidade no estágio’. Esse estágio durou quatro meses. Nesse período eu fui contratado. Um ano e meio depois, fui eleito o repórter revelação do rádio esportivo de Manaus.

SPORTS MANAUS – Na Rádio Difusora você já trabalha há algum tempo, mas foi a emissora que projetou seu nome, em virtude do trabalho realizado, seja na programação, mas principalmente nas transmissões esportivas?

Roberto Cuesta – Com certeza, a Rádio Difusora é o marco na minha carreira de radialista, onde cheguei há 36 anos a convite do amigo e irmão, Valdir Corrêa, que me proporcionou as maiores oportunidades que eu tive na minha vida profissional. Na Difusora, eu tive a oportunidade de tudo que descrevi aqui em coberturas futebolísticas, de coberturas políticas, além de outras. Já são 24 anos acompanhando prefeitos e governadores, enfim, todos, desde 2000 para cá eu fiz a cobertura. É claro, paralelo às transmissões esportivas.

Em Lima no Peru, em 1999, Roberto Cuesta, do lado direito, com Orlando Saraiva, ex-presidente do São Raimundo e do outro lado, o narrador Arnaldo Santos (Foto: Arquivo pessoal)

SPORTS MANAUS – Qual foi o momento de maior alegria até hoje na profissão, que você vivenciou e guarda na memória?

Roberto Cuesta – Cara, são tantos, tantos, tantos, mas um momento que vivo intensamente foi o tricampeonato do São Raimundo, na Copa Norte. Eu tive a oportunidade de em 1986 assistir um ‘baita’ time do Nacional, que ganhou, entre outros, Palmeiras, Internacional, Atlético-MG. Isso me deixou muito feliz, porque eu vibro muito com as coisas da minha terra, eu sou regionalista. Vibrei muito com a ascensão do Manaus FC para a Série C do Campeonato Brasileiro, chorei ano passado com o acesso do Amazonas FC para a Série B do Brasileirão. Enfim, foram esses momentos.

SPORTS MANAUS – Nesse tempo trabalhando na imprensa esportiva, qual é a lembrança mais triste que viveu até hoje como repórter em seu trabalho nas transmissões?

Roberto Cuesta – Rogério, vou dizer com toda sinceridade, eu não tenho um momento triste dessa forma, eu posso dizer que não.

Pela Copa do Brasil, em 1999, Roberto Cuesta entrevistou o jogador Zinho, do Palmeiras (Foto: Arquivo pessoal)

SPORTS MANAUS – Você acredita que o trabalho dos profissionais do veículo rádio nas transmissões ainda continua sendo importante ou as outras mídias surgiram para ocupar seu espaço ou até somar?  

Roberto Cuesta – Claro, no início quando surgiu a internet disseram que o rádio iria acabar. Isso jamais, pelo contrário, o rádio se aliou à internet. Naquela época, para nós sabermos e informar o resultado de um jogo do Campeonato Brasileiro, em que os nossos times participavam, no estádio eu tinha que ligar para as rádios, os plantões para pegar o resultado. Hoje, você tem todos os jogos, por exemplo, na palma da tua mão dos campeonatos que te interessam, enfim, o rádio nunca vai acabar. O rádio se aliou a internet, e a internet melhorou e muito o nosso trabalho. E o repórter esportivo, de campo, esse aí sempre, sempre vai ser importante.

SPORTS MANAUS – Em sua carreira profissional na imprensa esportiva, certamente você trabalhou e vivenciou com colegas da profissão, que também marcaram sua vida no meio esportivo, seja no microfone e também na parte administrativa?

Roberto Cuesta – Gratidão, para mim é muito importante na minha vida. Lembro e sou muito grato ao saudoso, Raimundo Nonato Farias, que abriu as portas do rádio para mim e também de Gil Monteiro, com quem estagiei, o narrador Ari Neto, que me incentivou a ser repórter de campo, padre Tiago de Souza Braz e Alberto Silva, da Rádio Rio Mar. Tive a felicidade de trabalhar com os saudosos radialistas, Josué Cláudio de Souza e Fesinha, e também com o mestre Josué Filho, Josué Neto e com a diretora administrativa, Dra. Carminha. 

Roberto, ao lado da carro da Difusora, na cobertura política pela emissora (Foto: Arquivo pessoal)

 

 

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