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Conheça a história de Aglaci Bezerra e seus 44 anos de trabalho no futebol amazonense

Foto: Reprodução

Ele não é jogador, dirigente ou profissional da imprensa esportiva, mas seu trabalho é grandioso e fundamental ao longo dos anos no desenvolvimento do futebol amazonense. Natural do Careiro da Várzea-AM, Aglaci das Chagas Bezerra, 64 anos, tem uma história de 44 anos vividos nos bastidores do futebol local. Ele trabalhou no Vivaldo Lima, de 1976 à 2010, e ainda jovem iniciou como gandula, depois passando por várias funções. Atualmente, Aglaci trabalha na Arena da Amazônia, desde 2014, quando foi inaugurado para os jogos da Copa do Mundo. Casado há 40 anos, pai de três filhos, Aglaci tem apoio total da família, e chegou a jogar no time do Vivaldinho, quando chegou em Manaus, além no Peladão e até pensou jogar profissionalmente, após deixar o serviço militar, mas preferiu seguir com seu emprego no Vivaldão. O portal conta não apenas sua trajetória, mas presta uma homenagem a esse profissional carismático e querido por todos.

SPORTS MANAUS – Como surgiu a chance de trabalhar no Estádio Vivaldo Lima, quando saiu de sua cidade no interior do Amazonas?

AGLACI – Meu primeiro contato com o Vivaldão foi em 1973, quando eu vim do interior para a capital. Nessa época meu irmão já trabalhava de segurança no estádio, e foi através dele que consegui trabalhar como gandula, pois era menor de idade, com 16 anos.

SPORTS MANAUS – Quando deixou o interior e veio para capital, seu irmão foi fundamental para que fosse trabalhar no Vivaldo Lima, mas houve a oportunidade de trabalhar em outro lugar?

Aglaci no maca-móvel no saudoso Vivaldo Lima conduzindo duas rainhas (Foto: Rui Costa)

AGLACI – Nós morávamos em área de várzea no interior e vínhamos passar a cheia na casa do meu irmão, que mora no Alvorada. Ele foi fundamental para eu entrar e trabalhar junto ao futebol amazonense. Eu não pensei em seguir outro caminho, porque era no Vivaldo Lima, que eu queria trabalhar. Acho que escolhi a coisa certa.

SPORTS MANAUS – Como foi a sensação de trabalhar de gandula no Vivaldo Lima e como foi essa experiência em jogos no estádio?

AGLACI – A sensação de trabalhar como gandula foi maravilhosa. Imagine um garoto vindo do interior, e de repente está ali em contato com nossos ídolos do futebol. Foi muito bacana ver grandes craques bem de perto.

SPORTS MANAUS – Aglaci, você viveu muitos momentos bons e difíceis no Vivaldo Lima, mas qual foi sua maior emoção no estádio, seja de alegria ou tristeza?

AGLACI – No Vivaldão tive muito mais alegria do que tristeza. Fica até difícil escolher um momento de alegria, mas ser for para escolher uma, eu fico com a reinauguração do estádio em 1995, quando o governador da época reestruturou o estádio. Foi pela primeira vez, que assisti um jogo da nossa Seleção Brasileira contra a Colômbia. Eu estava ali dentro do campo, foi emocionante. Quanto ao momento de tristeza, foi quando iniciou a demolição do nosso Vivaldo Lima.

Um registro ao fundo uma parte da arquibancada do Vivaldão (Foto: Reprodução)

SPORTS MANAUS – Você trabalhou no maca-móvel, mas como era esse serviço de atendimento aos jogadores quando era acionado, pois chamava muita a atenção dos torcedores?

AGLACI – Sim, trabalhei no maca-móvel durante muitos anos. Logo no começo, aquele carrinho era a sensação dos jogos. A galera ia ao delírio quando entrávamos em campo, poia carreguei muitos craques.

SPORTS MANAUS – Quando foi decidido que o Vivaldo Lima tinha que ser demolido para a construção de um estádio moderno, a sua sensação foi de repúdio ou de aprovação?

AGLACI – No começo eu não concordava, mas depois pensei que naquele lugar surgiria uma nova arena moderna e com mais conforto para o nosso torcedor. Tive que me acostumar com a ideia, porém meu coração até hoje, está triste com a demolição do meu querido estádio Vivaldo Lima. Tudo que tenho na vida, agradeço ao futebol amazonense e ao Vivaldo Lima.

Aglaci em um dos jogos na Arena da Amazônia que teve a presença do VAR (Foto: Arquivo pessoal)

SPORTS MANAUS – Você lembra de algum momento especial, inusitado ou cômico quando trabalhou no Vivaldo Lima e agora na Arena da Amazônia?

AGLACI – Existem vários momentos inusitados na época do Vivaldo Lima. Uma delas foi em um jogo entre Nacional e Botafogo. Não recordo o ano, mas foi quando um jogador do Botafogo caiu em campo e entrei para retirá-lo. Na hora de sair com ele, o carro ficou sem bateria e deu prego no meio do campo. Os jogadores me deram aquela ajuda para retirar o carrinho do campo empurrando, mesmo assim ele não voltou a funcionar.

SPORTS MANAUS – Após longos anos de serviço no Vivaldo Lima, como foi seu primeiro trabalho na Arena da Amazônia?

AGLACI – Meu primeiro trabalho na Arena foi no jogo Nacional e Clube do Remo. É como até hoje, ou seja, eu fico nos vestiários recepcionando as delegações quando chegam e orientando como proceder nos vestiários. Além disso, coordeno o cerimonial das partidas, e até mesmo faço a locução, caso seja necessário e também ajudo nas informações para o placar e o sistema de som.

SPORTS MANAUS – Você trabalhou por muitos anos no Vivaldo Lima, mas até hoje quando entra na Arena da Amazônia se recorda ou não do antigo estádio?

AGLACI – Sim, todas as vezes que eu entro na Arena, eu lembro do meu querido Vivaldão, mas o tempo passou e ele agora vive apenas no meu coração e viverá para sempre.

Ao lado do craque Neymar quando jogou na Arena da Amazônia, pela Seleção Brasileira (Foto: Arquivo pessoal)

SPORTS MANAUS – Com a realização dos jogos da Copa do Mundo de 2014 na Arena da Amazônia, de lá para cá, esse legado tem ajudado o futebol amazonense a tomar outro caminho ou isso depende de outros fatores?

AGLACI – Acho que não mudou muita coisa. É difícil falar desse assunto, mas na minha humilde opinião, ainda estamos muito longe de sermos uma potência.

SPORTS MANAUS – Aglaci, se você tivesse o poder de fazer algumas mudanças no futebol amazonense, quais seriam?

AGLACI – Pergunta muito difícil, eu acho que temos que começar do zero. Temos que nos organizar, e principalmente correr atrás de patrocínio, porque sem dinheiro não se faz nada. Sei que é difícil, mas os dirigentes têm que trabalhar juntos e não terem vergonha de pedir ajudar, apresentando projetos que convença o empresário, o comerciante, o governo do Amazonas e a prefeitura de Manaus na ajuda do nosso futebol.

SPORTS MANAUS – Da época em que trabalhou no Vivaldo Lima e agora na Arena da Amazônia, o futebol amazonense evoluiu ou ainda falta muito para

chegar nesse patamar?  

AGLACI – Acho o contrário, houve época que tínhamos representantes no Campeonato Brasileiro da Série A, com até três clubes. Depois tivemos o São Raimundo na Série B, mas não conseguiu se segurar por muito tempo. Presenciei, na década de 80, o Nacional batendo aqui no Vivaldo Lima, grandes clubes do futebol brasileiro, isso sem falar na década de 70. O convênio que o Nacional fez com o Atlético Mineiro, quando trouxe para Manaus vários jogadores, que inclusive muitos deles vestiram a camisa da nossa Seleção Brasileira, foi muito bom.

 

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