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EXCLUSIVO: Conheça o trabalho do vice-presidente do COB e da entidade no desenvolvimento do esporte nacional

Foto: Heitor Vilela/COB

Natural do Rio de Janeiro, Marco Antônio de Mattos La Porta Júnior, de 51 anos, natural do Rio de Janeiro, prestes a completar um semestre na vice-presidência do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), relatou um pouco de sua vivência na entidade, sua experiência militar, como funciona a estrutura da entidade, os projetos, enfim, a preocupação para o desenvolvimento do desporto brasileiro. Marco La Porta, coronel da reserva do Exército, com formação na área militar, é formado em Educação Física pela Escola de Educação Física do Exército (EsEFEX), com cursos de especialização e mestrado na área. Ele iniciou sua carreira como atleta no Exército, no futebol e corrida, em competições em nível escolar e regional, até o posto de tenente. Amante do esporte, Marco La Porta, depois disso, se dedicou a prática esportiva de forma recreativa no futebol e, posteriormente, no Triathlon.

SPORTSMANAUS – Na eleição para vice-presidência do COB, em março deste ano, o senhor alcançou uma votação expressiva com 44 votos, superando Marcel de Souza e José Medalha. Isso mostra a confiança dos atletas e entidades ao seu trabalho, ao mesmo tempo aumenta sua responsabilidade?

MARCO LA PORTA – Aumentou muito a minha responsabilidade. Os atletas deram um belo exemplo de como se exercer uma democracia buscando informações sobre todos os candidatos e votando naquele que, na opinião deles, estava mais bem preparado para exercer a função de VP do COB. O mesmo se aplica às confederações que confiaram no meu trabalho à frente da Confederação de Triathlon e votaram em mim para o COB.

SPORTSMANAUS – O senhor assumiu o cargo no COB, no dia 23 de março. Como analisa esses meses de trabalho na vice-presidência?

Novos membros eleitos em março para composição do COB (crédito: Heitor Vilela/COB)

MARCO LA PORTA – Foram, e ainda estão sendo, meses de muito aprendizado. Tenho buscado aprender tudo sobre o funcionamento do COB, suas políticas internas, seu planejamento, de forma a poder colaborar de forma efetiva nas decisões. Logo ao assumir, fui designado como Chefe de Missão dos Jogos Sul-americanos, em Cochabamba, e isso me ajudou muito a conhecer as diversas modalidades, seus atletas e também o trabalho de apoio feito pela equipe do COB. É um trabalho bem diferente de você estar à frente de uma confederação, onde o Presidente é praticamente um executivo. No COB, o trabalho é mais estratégico e estamos conseguindo aprender essa sistemática rapidamente.

SPORTSMANAUS – Como funciona seu trabalho no exercício da vice-presidência do COB?

MARCO LA PORTA – Estatutariamente as minhas funções são definidas pela Presidência e esta definição tem acontecido de forma muito natural. Procuro secundar o Presidente no contato com nossos stakeholders, nas questões do relacionamento com as confederações, prestigiando os eventos de nossas filiadas e buscando soluções aos problemas das mesmas. Ao mesmo tempo, como atuei bastante tempo na área técnica, procuro apoiar o trabalho feito pela Diretoria de Esportes, sem caracterizar de forma alguma intromissão no trabalho. A minha origem dentro das Forças Armadas, também têm me auxiliado bastante no relacionamento do COB com os militares, visando projetos de cooperação para desenvolvimento de políticas voltadas para o esporte. 

SPORTSMANAUS – O senhor iniciou no esporte nas Forças Amadas e participou de várias competições nacionais e até internacionais. Pela sua experiência de militar, o senhor vai usar no trabalho da entidade?

MARCO LA PORTA – Quase toda a minha carreira no Exército foi feita dentro da Educação Física, fui atleta de equipes militares, treinador, chefe de equipe, montei competições, fui instrutor de disciplinas importantes na EsEFEx, e isso tudo me deu uma bagagem muito grande que procuro, naquilo que couber, aplicar dentro do meu trabalho no COB.

SPORTSMANAUS – O senhor pode explicar o trabalho do Conselho de Administração (CA) dentro da estrutura do COB?

Marco La Porta quando fez parte da da Confederação Brasileira de Triathlon (crédito: Divulgação/CBTri)

MARCO LA PORTA – O Conselho de Administração é uma novidade no esporte. É um órgão que já está inserido na cultura organizacional de grandes empresas a décadas. Para nós, é novidade. Estamos aprendendo como que esse trabalho do CA pode nos ajudar. Tem funcionado muito bem, a gente se reúne a cada dois meses e discute os assuntos mais importantes e estratégicos para o funcionamento do COB. As pessoas que compõem hoje o CA do COB são altamente qualificadas e têm contribuído sobremaneira para a eficiência de nossos processos.

SPORTSMANAUS – Sobre o código de Ética do COB, como funciona e visa uma gestão mais moderna e de credibilidade da entidade?

MARCO LA PORTA – Sem dúvida alguma. Nosso Presidente estabeleceu os três parâmetros do COB, transparência, meritocracia e austeridade, e para que esse discurso não ficasse apenas na prática, várias medidas foram implementadas, entre elas a redação de um novo Código de Ética, elaborado pelo Conselho de Ética do COB, que assim como o CA, é composto por profissionais altamente qualificados e com grande experiência nas áreas jurídicas e esportivas.

SPORTSMANAUS – O senhor quando foi eleito, disse que iria atuar junto das federações desportivas. Pode explicar como será esse trabalho?

MARCO LA PORTA – Passei apenas um ano como Presidente de Confederação, mas como trabalhei por mais de dez anos em outras funções, entendo as necessidades e as dificuldades de cada confederação. O meu objetivo é conhecer cada uma das confederações de forma que eu tenha mais subsídios para ajudar nas solicitações e na resolução de problemas. Já visitei algumas, seis ou sete e pretendo visitar todas para conhecer de perto o trabalho de cada uma delas.

SPORTSMANAUS – O que ficou de aprendizado da realização dos Jogos Olímpicos Rio 2016 para a próxima Olímpiadas, em Tokyo 2020 para um desempenho melhor do Brasil no maior evento esportivo do planeta?

MARCO LA PORTA – Muitos falam no legado das instalações, mas há um legado importante que ficou e que acredito que vamos colher frutos mais para frente. É o legado do incentivo à prática de esportes, até pouco tempo atrás desconhecidos da maior parte dos brasileiros. Esse legado, que podemos chamar de legado-fomento, vem acompanhado de um aprendizado técnico por parte das modalidades que irá refletir não em Tokyo, mas em 2024, 2028, basta que seja explorado da melhor forma possível. E já estamos fazendo isso, com ações para o desenvolvimento de talentos, a qual cito como a mais importante, os Jogos Escolares.

Vice-presidente em uma das reuniões importantes do COB (crédito: Alexandre Castello Branco/ COB)

SPORTSMANAUS – O COB vai apoiar as confederações, apesar da crise financeira que assola o país. Que tipo de trabalho ocorre neste momento para essa temática?

MARCO LA PORTA – O COB sempre apoiou e seguirá da mesma forma repassando os recursos oriundos das loterias mediante projetos bem elaborados com as confederações. Todo final do ano, o COB senta com a sua equipe técnica e discute com cada confederação como serão aplicados os recursos. Era apenas uma reunião para aprovação desse plano, esse ano faremos duas. Entendemos que assim podemos discutir com mais amplitude e aproveitar melhor os recursos. Além disso, recebemos sempre pedidos de recursos extraordinários quando surge algum problema e ajudamos as confederações. O importante é que para fazer frente à crise, precisamos ter uma gestão segura, pautada em meritocracia, austeridade e transparência. 

SPORTSMANAUS – Algumas modalidades são mais populares, como basquete, vôlei, futsal, atletismo, em relação a outros esportes. Tem algum trabalho especifico nesse sentido?

MARCO LA PORTA – Acredito que os Jogos Olímpicos ajudaram bastante na divulgação de modalidades pouco conhecidas, já foi um grande impulso, mas queremos seguir nesse sentido de popularizarmos mais modalidades e os Jogos Escolares é um evento que nos permite esse tipo de trabalho com muita eficiência.

SPORTSMANAUS – Depois do episódio do presidente anterior do COB envolvido com irregularidades, tem algum trabalho para mudar a imagem da entidade perante do público?

MARCO LA PORTA – Cabe ressaltar que as irregularidades ocorreram na Rio 2016, não foi no COB, mas de qualquer forma sabemos que a imagem foi arranhada. O caminho para reverter isso começou imediatamente com medidas, onde destaco a reforma estatutária que deu ao COB uma organização mais moderna e mais transparência, alinhando com os princípios da governança moderna. Além disso, temos procurado mostrar mais o excelente trabalho que o COB faz com nossos atletas, com destaque para o apoio em grandes jogos, o Laboratório Olímpico, nossos cursos e o Centro de Treinamento Time Brasil.

Mesa na época da eleição para vice-presidência da entidade (crédito: Heitor Vilela/COB)

SPORTSMANAUS – Sobre as competições realizadas por cada confederação para o desenvolvimento de sua modalidade, o COB tem um planejamento para alavancar o esporte e atrair simpatizantes?

MARCO LA PORTA – Não influenciamos na montagem do calendário de cada confederação. O grande produto para alavancar uma modalidade é realmente o calendário competitivo, nenhum esporte sobrevive sem as competições. No caso do COB usamos os Jogos Escolares para isso, é a forma de realmente atrair simpatizantes e alavancar o esporte.

SPORTSMANAUS – Qual é a maior dificuldade que o senhor encontra neste momento no COB, na condição de vice-presidente?

MARCO LA PORTA – Não tem uma grande dificuldade. A equipe do COB é realmente muito competente, um grupo muito profissional interessado unicamente em desenvolver e trabalhar pelo esporte. As dificuldades são inerentes ao pouco tempo que tenho aqui no COB, e que não me permite ainda conhecer com profundidade todas as rotinas e pessoas da instituição.

 SPORTSMANAUS – Qual a importância e o que representa o Instituto Olímpico Brasileiro (IOB) para o esporte do país?

MARCO LA PORTA – O IOB é o traço da educação no COB. Visa formar profissionais para o desempenho de funções específicas no esporte. Temos cursos para gestores, para treinadores, para atletas em transição de carreira. O COB se preocupa em qualificar recursos humanos que é uma das formas mais eficazes e econômicas de se desenvolver o esporte em uma nação.

SPORTSMANAUS – Como o senhor pretende dinamizar a Academia Olímpica Brasileira (AOB) e como funciona o trabalho na prática? 

MARCO LA PORTA – A AOB é o braço cultural do COB. Visa difundir o conhecimento do olimpismo, no contexto brasileiro. Na prática temos ações com ênfase cultural, não diretamente ligado à AOB, como o transforma, que passa esses valores do olimpismo para jovens de todo o Brasil.

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